O governo federal gastou pelo menos R$ 795 mil com a ida do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) a Orlando, nos Estados Unidos, ocorrida no final de dezembro do ano passado. Bolsonaro permanece em solo americano e não tem data certa para retornar ao Brasil.
O valor e os detalhes das despesas foram fornecidos pelo Ministério das Relações Exteriores e pela Presidência da República à CNN por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a pasta gastou US$ 130.788,65, o equivalente a R$ 685.332,52, se considerada a conversão de US$ 1 a R$ 5,24, nesta quinta-feira (16).
Dentro desse valor, estão custos do ministério com diárias e hospedagem da comitiva presidencial, que foram de R$ 150.129,56 e de R$ 152.662,16, respectivamente.
O resto do montante gasto pelo Itamaraty vem de outras despesas arcadas pela pasta, como o aluguel de veículos, ao custo de R$ 341.962,40, a contratação de intérpretes, no valor de R$ 39.824, e o apoio de auxiliares locais, a R$ 754,40.
O Itamaraty informou à reportagem que os valores para diárias e hospedagem também englobam gastos para integrantes do Escalão Avançado e da equipe de apoio da Presidência da República a partir de 27 e 28 de dezembro do ano passado.
O grupo é responsável por checar a segurança e o roteiro por onde o presidente da República vai passar, por exemplo, e viaja ao destino antes da chegada do mandatário.
“As áreas competentes da Secretaria de Gestão Administrativa do Itamaraty efetuaram o custeio das despesas com base em solicitações recebidas do cerimonial, do posto de destino da missão e da assessoria da Presidência da República”, afirmou o ministério.
“Não houve custeio de despesas ocasionadas após 1º de janeiro de 2023 por parte do Itamaraty”, acrescentou. Portanto, todos esses gastos foram referentes a até 31 de dezembro de 2022.
Além do discriminado acima, a Presidência da República também teve gastos no apoio à viagem de Bolsonaro a Orlando.
Somente com o deslocamento do Escalão Avançado aos Estados Unidos, envolvendo todos os gastos arcados pela Presidência, foram R$ 94.141,79 de taxas aeroportuárias — apoio de solo e comissária aérea –, R$ 12.317,60 de seguros-viagem de servidores e R$ 3.432,20 de passagem aérea. Ao todo, R$ 109.891,59.
Um dos assessores mais próximos a Jair Bolsonaro, Max Guilherme já recebeu ao menos R$ 64.456,53 em diárias desde então. A reportagem levantou que outros integrantes receberam, ao todo, pelo menos R$ 177,8 mil em diárias, por meio do Portal da Transparência.
Os custos operacionais dos voos para a viagem não são divulgados, pois são classificados como “reservados” pelo Comando da Aeronáutica, “posto se tratar de tema de acesso restrito para os planos e operações estratégicos das Forças Armadas”.
O governo informou que a viagem de Bolsonaro para Orlando foi acionada por meio do gabinete que cuida da agenda presidencial à Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em 26 de dezembro.
Com todas as prerrogativas do cargo de presidente da República, que ainda ocupava, Jair Bolsonaro embarcou em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) na Base Aérea de Brasília com destino a Orlando no início da tarde de 30 de dezembro.
Ele estava acompanhado da então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, de assessores, seguranças, dois médicos e ajudantes de ordens.
O cardápio do almoço e do jantar servidos no último voo de Bolsonaro como presidente da República teve pitadas brasileiras e portuguesas, com mandioca, costelinha e bacalhau, por exemplo.
O grupo, formado por ao menos 12 pessoas, desembarcou na noite do mesmo dia em Orlando, onde Bolsonaro continua até hoje. Michelle Bolsonaro retornou a Brasília em 26 de janeiro e nesta semana assumiu a presidência nacional do PL Mulher.
Nos Estados Unidos, Bolsonaro tem se hospedado em uma casa do lutador de MMA José Aldo. Ele não participou da cerimônia de posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro.
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