Pioneiro na área de fecundação in vitro em rebanho bovino, o veterinário Enoch Borges de Oliveira Filho foi o primeiro brasileiro a receber o prêmio da Sociedade Internacional de Tecnologia de Embriões (IETS). O título é uma espécie de ‘Nobel’ na área de embriologia e reprodução animal e já homenageou outros 48 pesquisadores, todos estrangeiros. A premiação deste ano foi na cidade de Lima, no Peru.
A técnica desenvolvida por Enoch é fruto do trabalho de pós-doutorado realizado na Europa no final da década de 1980. Ao voltar para o Brasil, o pesquisador trouxe a tecnologia para ser adaptada aqui. O resultado deu certo. Em janeiro de 1991, os primeiros embriões de fecundação in vitro do mundo foram produzidos nos laboratórios da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em um projeto liderado por Enoch.
“Eu adaptei uma técnica de produção de bezerro de proveta, que já existia na Europa mas não funcionava aqui no Brasil. A partir dessa técnica, o Brasil se tornou o maior produtor de embrião de gado do mundo”, relata.
Graças à inovação de Enoch, o Brasil é, atualmente, responsável por 35,1% dos embriões fecundados in vitro do mundo. O melhoramento genético que essa técnica proporciona permite o melhor desenvolvimento dos gados de corte, fazendo com que a carne seja de mais qualidade. Uma técnica tão inovadora é motivo de orgulho não só pessoal, mas para todo o país.
Morador do Tocantins há 23 anos, Enoch veio para o estado em busca de tranquilidade e de novos desafios para aplicar a técnica nas fazendas tocantinenses. “Esse melhoramento genético acelerado é fruto da tecnologia de ponta, que hoje pode ser usada comercialmente. O gado no Tocantins melhorou muito nesse período, porque os criadores acreditaram nessas técnicas, desenvolvendo os rebanhos”, ressalta o professor aposentado.
Entre as principais vantagens do uso da fertilização in vitro está a possibilidade de acelerar a produção de bezerros com características genéticas superiores. Essa técnica pode melhorar a qualidade do rebanho em um tempo menor do que o considerado normal.
“Isso veio confirmar que existe um ganho genético muito rápido com essa fertilização devido ao grande número de descendentes em animais superiores, principalmente fêmeas”, completa o professor.
O procedimento
O procedimento é por meio de ultrassom, que suga os ovários imaturos. Depois disso, o profissional faz uma seleção que fica maturando em um vidro. O profissional, então, faz a fecundação a partir do sêmen congelado, deixando esse feto desenvolvendo em um vidro. Por fim, coloca-se esse embrião em uma espécie de barriga de aluguel, para que ele se desenvolva.
Enoch ressalta a importância de se ter profissionais capacitados para fazer todo esse processo, que não é tão simples. “Temos ótimos profissionais treinados aqui no Tocantins que podem fazer esse procedimento. A técnica desenvolvida por mim é a base do que hoje a gente observa de modo mais automatizado. Mas é fundamental que tenham bons veterinários com conhecimento aprofundado para fazer uma boa fertilização in vitro”, destaca o pesquisador
O pesquisador
Enoch é médico veterinário formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Seis anos depois, tornou-se mestre em produção e reprodução na Universidade Federal de Minas Gerais, emendando com o doutorado em genética na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo.
Mas foi com a experiência do trabalho desenvolvido nos pós-doutorados que ele inovou com a fertilização in vitro. São quatro pós-doutorados na área. Um de melhoramento genético animal, pela Universidade da Flórida; fecundação in vitro pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra; transferência e micromanipulação de embriões e biologia molecular em universidades francesas.
Além disso, Enoch é professor titular aposentado da Universidade Estadual Paulista, atuando, também, no curso de pós-graduação em julgamento de zebuínos da Faculdade de Zootecnia de Uberaba, ligado à Associação Brasileira de Criadores de Zebu.
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