Cerca de 350 policiais de cinco estados, aeronaves, embarcações, drones e cães integram a operação Canguçu, montada para capturar os criminosos suspeitos de aterrorizar Confresa (MT) e fugir para o Tocantins. Nesta segunda-feira (17), a caçada completa sete dias e o g1 lembra o ataque na cidade mato-grossense, a fuga para o Tocantins, os suspeitos mortos, os materiais apreendidos e força-tarefa que segue atrás do grupo escondido na maior ilha fluvial do mundo.
Até esta segunda, dois suspeitos foram mortos e um, preso, após confronto com equipes policiais. Além disso, a operação conseguiu apreender: milhares de munições, armamento capaz de abater helicópteros, colete a prova de balas, coturnos, coletes balísticos e motor de popa.
Os criminosos estão na região da Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo com cerca de vinte mil quilômetros quadrados de área cercada pelos rios Araguaia e Javaés. A ilha localiza-se no estado do Tocantins, estando subdividida entre os municípios de Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e Pium.
Veja a cronologia da perseguição
Domingo (9) – O ataque em Confresa
Um grupo de criminosos armados com fuzis invadiu o quartel da Polícia Militar em Confresa, rendeu policiais dentro da base militar e ateou fogo no prédio.
Durante a invasão, eles explodiram um carro. Telhados de residência, além de uma igreja, ficaram destruídos por causa dos explosivos.
Os criminosos seguiram para a sede da Brinks, empresa de transporte de valores. Lá, eles também explodiram as paredes do prédio. Segundo a empresa, nada foi levado.
O bando espalhou alguns explosivos pela cidade, mas foram desativados. Alguns veículos usados durante a invasão também foram encontrados abandonados em áreas indígenas.
Durante a ação, uma pessoa foi baleada, mas está fora de perigo.
Policiais de MT começaram as buscas pelos criminosos e o governador, Mauro Mendes (União), pediu apoio da PM de outros estados para ajudar na operação de busca pela quadrilha.
Segunda-feira (10) – Fuga para o Tocantins, confronto, família refém e suspeito morto
O grupo entrou no Tocantins pelo rio. Segundo a polícia, havia embarcações já preparadas para a fuga. Eles percorreram o rio Araguaia e o rio Javaés, até chegarem ao município de Pium, região da Ilha do Bananal.
O grupo desembarcou perto do Centro de Pesquisa Canguçu, da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e afundou embarcações para não deixar rastros.
Na tarde de segunda, policiais da Patrulha Rural, que faziam ronda pelo município de Pium, se depararam com o grupo criminoso e trocaram tiros. Esse foi o primeiro confronto. Os suspeitos estavam fortemente armados e se dividiram em dois grupos. Os policiais tiveram que recuar após a munição acabar.
Um dos grupos foi até a fazenda Agrojan e fez uma família refém. Além disso, roubou veículos da propriedade rural. Ao perceberem a chegada da polícia, eles liberaram a família e fugiram.
Reforços do Tocantins foram enviados para ajudar nas buscas. A polícia fez um cerco e houve mais um confronto.
Turistas estrangeiros e funcionários que estavam na região do Projeto Canguçu precisaram ser retirados com apoio da polícia naquela tarde, por causa dos confrontos.
Durante a noite, as equipes policiais tiveram o terceiro confronto com os criminosos, por volta das 19h. Um dos suspeitos foi atingido e morreu no local.
Terça-feira (11) – Suspeito preso, apreensão de armamento e milhares de munições
Policiais do Mato Grosso, Goiás e Pará foram enviados para a região com o objetivo de reforçarem as buscas. Uma base foi montada pela força-tarefa na sede da fazenda Agrojan. O trabalho tem o apoio de aeronaves e embarcações.
Durante as buscas, os policiais conseguiram prender Paulo Sérgio Alberto de Lima, de 48 anos.
A polícia apreendeu metralhadoras capazes de abater um helicóptero; um fuzil 762; milhares de munições; capacetes e coletes balísticos, além de um motor de popa e gasolina.
Quarta-feira (12) – Novos confrontos e segundo suspeito morto
No terceiro dia de perseguição aos criminosos, a PM do Tocantins recebeu reforços de Minas Gerais. Com isso, quatro estados estão envolvidos nas buscas.
Um segundo integrante do grupo criminoso morreu após confronto com a polícia, na zona rural de Marianópolis do Tocantins próximo do povoado Cocalim. Essa região está dentro do perímetro estabelecido pela polícia. O suspeito foi identificado como Raul Yuri de Jesus Rodrigues, de 28 anos.
Equipes seguem no local na tentativa de prender os outros suspeitos.
Quinta-feira (13) – reforço de aeronaves
O quarto dia de buscas continuou na zona rural de Pium. A força-tarefa foi reforçada com mais duas aeronaves e 14 militares especialistas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar de Minas Gerais.
Vídeos publicados nas redes sociais mostraram policiais sobrevoando a Ilha do Bananal em helicóptero e percorrendo rios em canoas, durante caçada.
Pelas imagens, é possível ver que a ilha é extensa, cercada por vegetação nativa e uma mata fechada, o que dificulta ainda mais o trabalho da equipe.
Sexta-feira (14) – equipe ganha café da manhã de moradora
O comandante da PM, Márcío Barbosa, foi até a região onde o cerco foi montado. Ele informou que os policiais só deixarão a ilha quando todos os criminosos forem capturados.
A operação conta com o apoio de moradores locais. Na manhã, uma equipe que está no assentamento Café da Roça, município de Pium, ganhou café, bolo e pães de queijo de dona Marlene. A moradora saiu de casa e levou o alimento, em uma bicicleta, até o ponto de bloqueio, onde os policiais estão concentrados.
Sábado (15) – Novo confronto
Policiais trocaram tiros com criminosos na divisa do Tocantins com o estado do Pará. Não há confirmação de possíveis mortes ou prisões.
Após a troca de tiros, o bando teria fugido da região, que fica perto de uma perto de uma grande fazenda.
Um vídeo publicado nas redes sociais mostrou que cães têm ajudado policiais na força-tarefa.
Domingo (16)
O governador do Tocantins visitou o Posto de Comando da Operação Canguçu. Wanderlei Barbosa destacou a importância da integração das polícias estaduais, agradecendo os governadores do MT, PA, GO e MG que enviaram suas tropas pra reforçar a operação. A visita aconteceu na região de Pium e Marianópolis, na base da Operação.