Um desentendimento familiar ameaça os planos de reeleição da senadora Kátia Abreu (PP-TO), que já vem de duas derrotas seguidas nas urnas e agora pode ficar sem mandato pela primeira vez em duas décadas após o filho dela, o também senador Irajá Abreu (PSD), dinamitar as conversas para que ela concorresse com apoio do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos).
Kátia negociava para compor a chapa do governador do Tocantins e, com isso, concorrer com o suporte da máquina estadual, mas Irajá, presidente do PSD local, o acusou de administrar o Estado pensando apenas em se reeleger e lançou em julho o deputado Osires Damaso (PSC) para enfrentar Barbosa nas urnas.
Na época, a senadora divulgou vídeo nas redes sociais para dizer que estava surpresa e que não foi consultada pelo filho, mas ressaltou ser leal à palavra com o governador. “Não tive nenhum motivo para mudar de posição, mas compreendo que o grupo poderá me substituir na chapa e vou compreender que façam isso depois da atitude do PSD”, afirmou.
Não deu outra e Barbosa escolheu como candidata ao Senado a deputada professora Dorinha Rezende (União). Dorinha conta com apoio de oito partidos e terá, junto com o governador, a maior estrutura e tempo de propaganda na televisão. Kátia ficou sem alianças e concorre sozinha, só com apoio do PP que preside.
A eleição está bastante fragmentada e outros oito candidatos concorrem sem coligação, como o ex-governador Mauro Carlesse (Agir), que renunciou ao cargo em março após denúncias de corrupção, e o ex-senador Ataídes Oliveira (Pros). O ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) também não tem partidos aliados, mas recebeu o apoio do principal adversário do governador, o ex-deputado Ronaldo Dimas (PL), que dá palanque para o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Não bastasse implodir as conversas da mãe, a chapa articulada por Irajá lançou dois candidatos ao Senado para disputar votos com ela: o bispo Guaracy (Avante), que hoje é suplente de Kátia no Congresso, e um apresentador de TV local. O estrago só não foi maior porque ambos desistiram uma semana depois — Guaracy por não concordar com o apoio do Avante à eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o apresentador dizendo preferir continuar com seu programa policialesco na TV.
Pesquisa de intenção de voto do Ipec mostra que a senadora enfrenta uma batalha difícil para renovar o mandato. Dorinha tem 19% das intenções de voto, contra 18% dela, um empate técnico, dentro da margem de erro de três pontos percentuais. Em seguida há um empate triplo entre Carlesse (9%), Amastha (8%) e Oliveira (7%). Foram ouvidos 800 eleitores entre 20 e 22 de agosto e a pesquisa foi registrada na Justiça sob o número TO-04301/2022.
Aliados de Kátia minimizam o isolamento e defendem que a candidatura solo não será de todo ruim. “Como está independente, ela pode receber apoio de todos os grupos, de aliados do governador e dos seus adversários. Ela tem trânsito com todos os políticos do Estado”, diz o vereador soldado Alcivan (PP), candidato a segundo suplente dela.
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