Junior Geo avalia que boas chances para si mesmo em 2024, quando o pleito na cidade terá segundo turno pela primeira vez, já que Palmas chegará a 200 mil eleitores. “Então, chegando no segundo turno é conceito. A estrutura financeira não faz tanta diferença. Pode até levar o candidato a ficar na frente no primeiro turno, mas no segundo turno o conceito tem peso. São só dois candidatos em igualdade de condições”, observa o deputado, que aponta que o segundo turno favorece candidatos propositivos.
Sobre a correlação de forças na Assembleia Legislativa, o deputado considera natural o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) contar com apoio quase unânime no Legislativo. Geo esclarece, porém, que não se considera um parlamentar governista. “Meu discurso aqui na posse já foi muito claro e taxativo de que não sou nem nunca fui oposição por ser oposição. Oposição a tudo e a todos para mim não vale nada. Toda oposição cega, é burra. Mas sou oposição às coisas erradas”, declara o deputado, reafirmando o seu compromisso de manter a vigilância na fiscalização dos atos do governo.
Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o deputado revela que era contra a PEC que permitiu a antecipação da eleição para a mesa diretora da Assembleia Legislativa e que só votou favorável para não se isolar, já que seria o único parlamentar a se posicionar contrário à matéria. Geo conta ainda como foi escolhido líder do bloco formado pelos partidos PSD, PSC, PL, PDT e PSB. Segundo ele, o fato de unir legendas de esquerda, de centro e de direita mostra que o bloco não tem caráter ideológico, mas serve, sim, para facilitar o trabalho das comissões permanentes.
Se é de direita ou de esquerda, normalmente não é discutida essa questão para formatação do bloco
Como o sr. define a formação do bloco PSD, PSC, PL, PDT e PSB com partidos de direita e de esquerda? Como vai funcionar? O bloco já tem nome?
O bloco não tem nome. A formação de bloco nas assembleias legislativas tem uma conotação um pouco diferente do que ocorre no Congresso Nacional. Por quê? Para fazer a indicação dos membros que vão compor as comissões é necessário que se tenha o bloco. A principal finalidade do bloco é receber os membros necessários para fazer as indicações para as comissões. Se é de direita ou de esquerda, normalmente não é discutida essa questão para formatação do bloco. O que é discutido, dentro dos partidos e com os parlamentares que vão compor esse bloco, é quem vai compor cada comissão. Fazendo o acordo entre os membros, fecha-se o bloco, escolhe-se o líder e ele faz a indicação conforme acordo prévio.
Que avaliação o sr. faz do processo de composição das comissões permanentes?
Na conversa que tive com os demais colegas, me indicaram como líder do bloco, fizemos as indicações para cada comissão, quem vai para cada comissão e boa parte das comissões já foi instalada. A CCJ [Comissão de Comissão e Justiça], já foi instalada, a Defesa do Consumidor já foi instalada, bem como a da Saúde e as de Educação, Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural. Nós tivemos algumas comissões que já foram implantadas e, acredito, atendendo aos anseios praticamente da maioria, senão de todos os membros sugeridos.
Como o sr. avalia a possibilidade de criar mais comissões para atender a necessidade de pautar novos assuntos, como a vulnerabilidade dos povos indígenas, que se tornou flagrante com o genocídio dos yanomamis?
Num primeiro momento, as comissões que nós temos dão conta de atender as necessidades de hoje. Havendo demanda, não há impedimento de que uma nova comissão venha a ser criada. Mas, num primeiro momento, não ocorre essa discussão entre os parlamentares, sobre a possibilidade de montar mais uma comissão.
Esta é uma legislatura que se difere das demais. Pela primeira vez, se tem um governador que parece não sofrer oposição no Parlamento. Isso dura até quando?
Eu vejo isso com certa naturalidade, pela forma com que se desenvolve a política em nível nacional. Nós temos boa parte dos deputados que é governista, até mesmo porque foram eleitos na base do governo, mas não necessariamente todos naquela base são governistas. Eu falo isso em função de minha pessoa. Eu estava apoiando um pré-candidato ao governo, que era o deputado [Osires] Damaso (PSC), que, em função decisões dentro do processo político, acabou declinando da candidatura a governador e o PSC, partido do qual faço parte, foi para a base de apoio do governador com o intuito de promover a eleição.
Eu não sou nem nunca fui oposição por ser oposição, sou oposição às coisas erradas
Meu discurso aqui na posse já foi muito claro e taxativo de que eu não sou e nunca fui oposição por ser oposição. Oposição a tudo e a todos para mim não vale nada. Toda oposição cega é burra. Mas sou oposição às coisas erradas. O mesmo trabalho de fiscalização, de combate às irregularidades, às injustiças, a mesma coisa que eu já vinha fazendo desde a Câmara Municipal, na legislatura passada aqui na Assembleia, vou permanecer com o mesmo jeito agora. A diferença que tem entre meu período inicial na política e o período que eu tenho agora é a maturidade política. A gente entende um pouco melhor, tem mais maturidade para discutir, tem conhecimento para fazer proposições e também sabe onde buscar apoio de órgãos externos, com o intuito de cobrar que aqueles serviços que deixaram de ser atendidos sejam retomados, seja por meio de denúncias ao Ministério Público ou qualquer outro órgão. A gente precisa buscar a força de outros órgãos com o intuito de fazer o Estado funcionar. Mas o atual governador tem demonstrado mais interesse em acertar do que o ex-governador [Mauro Carlesse] que, para não sofrer impeachment, acabou renunciando ao cargo. A gente também tem interesse em fazer com que o governo funcione. Se o governo caminhar com as mesmas causas, ideais e interesse de fazer acertar, nós estamos aqui juntos. E, quando ele não demonstrar esse interesse, nós vamos comprar brigas, discussão e fazer com que a coisa certa venha a acontecer.
Como o sr. avalia a antecipação da eleição para a mesa diretora da Assembleia, um assunto que já caminha para a judicialização? Caso se comprove a inconstitucionalidade, será um desgaste desnecessário para o Parlamento que poderia ter sido evitado.
Eu cheguei a conversar com os deputados que, inicialmente, se fosse inconstitucional, se a minha assessoria jurídica apontasse que era inconstitucional, minha posição seria taxativa. Se for inconstitucional, não deve ser feita. Não sendo inconstitucional, ainda assim eu não queria que ocorresse. Eu acredito que tudo tem de ocorrer dentro do seu devido tempo. Mas, às vezes, na política a gente tem de saber dar um passo atrás para seguir dois à frente. Quando você tem um grupo de 24 deputados e 23 se posicionam num sentido, seu posicionamento contrário vai gerar indisposição necessária e não vai conseguir resolver o problema. Não vai deixar de acontecer com meu posicionamento. Então vamos tentar manter um relacionamento amigável aqui? O PSB já havia anunciado que iria entrar judicialmente; se se comprovar que era inconstitucional, que se derrube. Se vem outra decisão, não é o mais adequado a ser feito, mas inconstitucional não é, então, paciência. Da mesma forma, eu também não sou favorável a ter reeleição de presidente de Assembleia, o que já ocorreu no passado. Não sou favorável porque você tem de fazer com que a gestão da casa passe pelas mãos de mais pessoas. Preferencialmente, se fosse de ano a ano, cada deputado que viesse a ser eleito ficaria um ano e, assim, nós teríamos quatro representantes fazendo a gestão da Assembleia Legislativa. Mas, para isso, é necessário ter votos para mudar o regimento interno da Casa. Enquanto isso não acontece, segue-se a regra. E se a regra permite, não tem o que fazer.
Não me convidaram para esta reunião. Talvez porque eu já tinha me posicionado que não concordava com a antecipação
O que foi apresentado de argumento para justificar que seria interessante antecipar em dois anos a eleição da mesa diretora?
Da reunião que porventura possa ter gerado essa argumentação eu não participei. Não me convidaram. Talvez até mesmo porque eu já tinha me posicionado que não concordava com a antecipação. Talvez por isso não fui convidado. Mas, quando me dei conta, os votos já estavam todos construídos. Então, com meu voto ou sem, a antecipação ocorreria.
O sr. ficou em 2º lugar nas eleições passadas para a Prefeitura de Palmas. Será candidato novamente em 2024?
Inicialmente, estou interessando em desenvolver meu trabalho na Assembleia Legislativa. Mas não descarto em momento algum a possibilidade de candidatura a prefeito de Palmas. Eu sinto a necessidade de termos um representante que de fato tenha compromisso, comprometimento e transparência em sua gestão. Essas características eu as desenvolvo para gerir a cidade de Palmas. Nós temos muitos problemas em Palmas que não são da gestão da atual prefeita [Cinthia Ribeiro], são problemas que vêm se acumulando desde o início do Tocantins e da construção da Capital. Quer dizer, se tem déficit habitacional, se tem déficit de vagas nas escolas, se tem deficiências na saúde, são problemas que vêm ao longo das gestões. Agora, eu tenho interesse em fazer com que diversos desses problemas sejam sanados. Fazer asfalto onde já tem e deixar comunidades inteiras sem asfalto? Quais são os critérios? Eu não sei, quem está na gestão deve saber o que justifica essas escolhas. Para quem está ausente da gestão, olha e não entende. Eu quero exatamente poder contribuir mais para fazer com que a infraestrutura seja de acesso a todos, e não de ficar simplesmente fazendo recapeamento onde já existe. Eu sei da necessidade de se fazer, é prevenção, mas por que não fazer também onde não tem?
Qual assunto vai predominar nas próximas eleições?
Nós temos alguns pontos que ao longo do tempo não foram sanados na capital. Entre eles, a regularização da questão fundiária. Nós temos algumas áreas tanto na região sul como na região norte onde ainda não houve a regularização e, consequentemente, a Prefeitura não faz a infraestrutura necessária para melhorar a qualidade de vida das pessoas que ali habitam. Também não tem como retirá-las. É algo que está sedimentado. Milhares de pessoas já estão morando ali, já têm suas casas construídas. É preciso solucionar o problema, regularizar a área para que possa desenvolver o investimento do poder público municipal. Ao longo dos governos isso não foi feito. Nós temos agora um problema que está em alta, que é o transporte público. O que motivou o governo a trazer para si, quando no país inteiro terceiriza? O problema existe e está trazendo um dando gigantesco.
Em 2024 devemos ter uma eleição bem diferente das anteriores. Pela primeira vez haverá segundo turno em Palmas. Essa novidade pode favorecer candidatos propositivos?
Para ter segundo turno, o município precisa ter 200 mil eleitores. Nós finalizamos 2022 com 200 mil eleitores. Então, em 2024 terá segundo turno em Palmas, não tem como tirar isso. Exceto se um dos candidatos tiver mais de 50% dos votos. Nós tivemos na última eleição 12 candidatos a prefeito. Nenhum chegou nem perto de 50%, mesmo com a máquina na mão. Tem agora uma prefeita sem possibilidade de reeleição. A chance dos candidatos está mais próxima da equidade, alguns com mais estrutura, outros com menos, mas dificilmente alguém leva no primeiro turno, Então, chegando no segundo turno o que vale é conceito. A estrutura financeira não faz tanta diferença. Pode até levar o candidato a ficar na frente no primeiro turno, mas o segundo turno o conceito tem peso. São só dois candidatos em igualdade de condições. Em quem eu acredito mais? Em quem confio que é sério. Qual de fato fará diferença? É só verificar o histórico dos candidatos. Vejam o que dizem sobre ele. Tem denúncia contra ele, tem fraude, o que tem desse candidato quando se faz pesquisa na internet? Se você encontrou ali dois perfis antagônicos, um dele lhe causa estranheza; o outro lhe causa mais aceitação, não tem o que questionar. Vai para onde você pesquisou e tem mais aceitação. A chance de eleição com segundo turno eu acho muito viável e possível. Estamos numa expectativa muito boa. Vamos continuar e firmar o trabalho.