Em um barraco feito de restos de madeira, com poucos móveis e eletrodomésticos e sem banheiro, localizado no setor Taquari, Francidalva Reis cria os três filhos. Desempregada, ela vive de doações e relata um pouco das dificuldades que enfrenta no dia a dia.
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“Às vezes as pessoas chegam, doam umas roupas para meus filhos, outros doam alimentos. E assim eu vou levando a vida. Se aparece diárias, eu faço. É muito difícil”, conta Francidalva, que não tem ajuda da família para colocar comida na mesa.
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Assim como a moradora do setor Taquari, quase 130 mil famílias tocantinenses enfrentam a situação de extrema pobreza. Em Palmas, 50 mil inscritos no Cadastro Único (CadÚnico), estão nas mesmas condições de desemprego e vulnerabilidade social.
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No Tocantins, 146 mil pessoas dependem de programas do governo federal neste ano, como o Auxílio Brasil, que paga em média R$ 400. E muitas vezes essa é a única renda que as famílias possuem para sobreviver durante todo o mês. Em 2020 eram 120 mil que dependiam do então chamado Bolsa Família.
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Em outros programas, o estado possui 32 mil inscritos para receber o vale-gás e 150 mil dependem da Tarifa Social de energia elétrica, segundo a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas).
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Para conseguir os benefícios do governo federal, a pessoa em situação de vulnerabilidade precisa estar inscrita no CadÚnico.
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Pandemia agravou situação
A situação que já estava preocupante ficou ainda pior durante a pandemia de Covid-19. Dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar revelam que 33 milhões de pessoas ainda passam fome no País, 14 milhões a mais que em 2020.
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De acordo com Maria Lúcia Aires, coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social Karajás (CRAS) em Palmas, as solicitações aumentaram nos dois últimos anos. “Devido à falta de emprego, as pessoas procuraram bastante o CRAS para solicitarem cestas básicas. E até hoje não mudou. Mesmo alguns já retornando aos trabalhos, eles continuam procurando o CRAS devido à renda ser muito baixa”, conta.
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Enfrentamento
Simone Brito, secretária executiva da Setas, explica que para combater as questões da fome e pobreza, é preciso que os órgãos de diversos setores da sociedade desenvolvam ações para auxílio dessa famílias.
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“A gente sabe que o enfrentamento da pobreza se dá não apenas pela assistência social, mas é percurso que haja uma ação coordenada no âmbito da geração de renda, da qualificação das pessoas, da segurança alimentar, da moradia, da saúde e da educação, cuja a centralidade seja a família”, ressalta.
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E além da pandemia, outros fatores que agravaram o aumento da população que passa fome no País. “Se alimentar é ter o mínimo de dignidade porque sem a condição alimentar, você não consegue fazer outras coisas na vida. Você não consegue procurar trabalho, ter moradia”, explica o sociólogo Tiago Costa Rodrigues.
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Para diminuir essa estatística, é essencial que gestores criem políticas públicas que atendam famílias como a de Francidalva Reis, que diariamente vai dormir sem saber como alimentar os filhos no dia seguinte.
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“Construir políticas públicas estruturantes, que dê condições para as pessoas em um primeiro momento, para se alimentar, e em um segundo momento tenha dignidade para ter condições de educação, de emprego e sair dessa condição de vida lamentável”, completa o especialista.
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Enquanto isso não acontece, Francidalva segue dependendo da ajuda e boa vontade das pessoas que conhecem sua situação e diz: “entrego na mão de Deus e ele vai usando os anjos dele para virem até onde estou e trazer um alimento para eu dar para meus filhos”.
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Fonte: G1
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