Pela forma como o Flamengo resistiu à pressão inicial do Corinthians e soube deixar à sua feição o primeiro jogo das quartas de final da Libertadores chega a ser difícil imaginar que, há menos de um mês, os paulistas venceram os rubro-negros pelo Brasileiro. Mas a explicação passa justamente pela principal diferença de um confronto para outro. Com seus titulares o que não ocorreu no encontro anterior , equipe carioca é muito superior. A ponto de, mesmo na Neo Química Arena, ter sido dominante e feito os 2 a 0 parecerem pouco.
Aliás, quem olha apenas para a cena após o apito final pode pensar que o Flamengo jogou em casa. Depois de trocarem passes sem serem incomodados e aos gritos de olé durante toda a reta final do jogo, os jogadores se reuniram em frente à parte rubro-negra da arquibancada e festejaram ao som dos cânticos tradicionais da torcida. Os corintianos também cantaram, mas boa parte dos verdadeiros mandantes já nem estava mais no estádio.
O desânimo corintiano é correspondente ao tamanho da missão que sua equipe terá na volta, daqui a uma semana, no Maracanã. Para seguir adiante, os paulistas vão precisar vencer por três gols de diferença um Flamengo que vive seu melhor momento na temporada. Ou, pelo menos, por dois, levando a decisão da vaga para os pênaltis.
O time de Dorival Júnior foi superior em posse (57%), em finalizações (15 contra 12), em passes trocados (526 contra 358% e até no percentual de acerto destes passes (88% contra 81%). Os dados são do site Sofascore. Há ainda o que as estatísticas não são capazes de mostrar. Como, por exemplo, o fato de a maioria das chances corintianas não terem levado perigo.
A gente fez um jogo maduro, um jogo consistente. Evoluímos durante a partida. Terminamos melhor do que começamos. Mas precisamos ter humildade para continuarmos trabalhando se quisermos avançar analisou David Luiz.
Um dos melhores em campo, o zagueiro rubro-negro foi um dos que não atuou na partida do mês passado. Assim como Arrascaeta e Filipe Luís. Todos importantes nesta terça, ao lado de Everton Ribeiro e Rodinei. O lateral, inclusive, deixou para trás a lembrança do gol contra do jogo de julho com uma boa jogada individual e o passe para Gabigol marcar o segundo da partida, aos 5 minutos da etapa final.
O Corinthians até começou melhor. Com uma marcação alta, pressionou o rival e o forçou a errar. Ficou clara também a preocupação em conter os avanços de Rodinei, o que até funcionou no começo. Mas, num jogo tão espelhado, já que os rubro-negros também marcam desta maneira, a qualidade técnica acabou desequilibrando. Aos poucos, Ribeiro e Arrascaeta foram encontrando a movimentação para sair desta marcação e fazer o jogo do Flamengo fluir.
O primeiro gol, ironicamente, contou com a ajuda do acaso. Quando a zaga corintiana desarmou Pedro, dentro da área, Arrascaeta deu um toque para tentar recuperar a posse. A bola bateu no braço de João Gomes e voltou. Aí, veio o talento. O uruguaio chutou colocado e marcou um golaço. Apesar das reclamações, o lance valeu porque Gomes não teve intenção, e a bola não ficou com ele.
Os dois gols desmontaram o Corinthians. A marcação passou a ser à distância, o que permitiu ao Flamengo trocar passes livremente. Os 2 a 0 ficaram barato.
Fonte: O GLOBO